29 anos do SINTER-MG por Janya Costa – Sindicato forte é baseado na unidade dos trabalhadores

Janya Costa, diretora de Comunicação e Cultura do SINTER-MG relembra sua  trajetória no Sindicato e ressalta a importância da unidade na luta.

“Entrei na Emater no ano de 2005 e me sindicalizei no Sinter em minha primeira Assembleia. Lembro que não tive dúvidas quanto a me sindicalizar ou não, por causa dos depoimentos de meus colegas de escritório que falavam muito da importância do Sindicato como legítimo representante dos trabalhadores da extensão rural e, desde então, as histórias são muitas.

 

Um momento que me marcou foi o das negociações de 2008. Ainda não era dirigente no Sindicato e acompanhava as notícias como a maioria dos colegas da Empresa; por meio dos Boletins do Sinter e das comunicações da Empresa. A gente percebia que as negociações não estavam sendo fáceis, pois as informações mudavam da noite para o dia. Mas o que me marcou mais neste ano foi a pressão que sofremos também no campo. Recebíamos telefonemas de outros colegas pedindo que enviássemos e-mails ao Sindicato exigindo que se encerrassem as negociações, aceitando a proposta da Empresa. O assédio era grande, queriam nos colocar em dúvida se a Comissão de Negociação do Sinter estava agindo corretamente. Diziam-nos que o Sinter “quebraria” a Emater e isso nos deixava com medo.  Não sei dizer se isto ocorreu em todas as regiões do Estado, mas na nossa aconteceu e foi a primeira vez que senti que existe sim um conflito de classes e que no momento de negociação somos divididos em patrão e empregado e a correlação de forças nem sempre pesa a nosso favor.

 

Já como dirigente sindical, desde 2010, pude vivenciar também o outro lado que é estar dentro do SINTER, discutindo ações em prol de todos os trabalhadores, recebendo críticas dos colegas, às vezes com razão outras nem tanto. Fizemos muitas manifestações neste período, mas lembro de uma em particular que foi no ano de 2016, durante as negociações do Acordo Coletivo em que levamos os trabalhadores para uma mediação no Ministério do Trabalho, para que pudessem acompanhar a audiência. Como parte da Comissão de Negociações do Sinter pude sentir a energia dos trabalhadores. Ali na mesa já não era mais a Comissão falando, nossa voz representava concretamente o coletivo. Nestes momentos que a gente entende a necessidade da união, da confiança e da disposição dos trabalhadores em caminhar junto. O SINTER não é somente uma sede em Belo Horizonte ou os dirigentes que representam a Diretoria, o SINTER somos todos nós trabalhadores associados. Esta não é uma frase sem sentido, pois quando dizemos que um Sindicato é forte, isto é baseado na unidade dos trabalhadores e quando dizemos que é fraco isto também é reflexo da participação de seus sócios.

 

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Estamos vivendo um momento obscuro da nossa democracia. Retirada de direitos, repressão, um verdadeiro massacre às conquistas que tivemos ao longo da história. Penso que para um futuro próximo é necessário a reinvenção de todo movimento sindical. O SINTER não está fora dessa conjuntura, precisamos nos reciclar, reviver momentos de glória, promover uma maior participação dos associados. Nenhuma conquista se deu de modo fácil, é só conversar com as pessoas mais experientes para termos a certeza disso. As promoções horizontais, o auxílio creche, o vale-alimentação, entre outros, conquistas que hoje achamos tão comuns em nossa rotina, também foram frutos de muita luta. Por isso acredito no SINTER, entendo que somente através do coletivo que conseguiremos combater tantos retrocessos. É preciso não esmorecer, e que venham muitos outros 29 anos!”